
Médicos de três universidades da China (Wenzhou, Nanquim e Macau) publicaram um artigo detalhando uma técnica que foi eficaz em controlar a diabetes tipo 1 em modelos animais através de um transplante de ilhotas pancreáticas.
A pesquisa, publicada na capa da revista Science no dia 21 de maio, apresentou uma técnica que permite reduzir os riscos de rejeição do transplante e restabelecer o controle glicêmico em macacos e camundongos.
Em pessoas e animais com diabetes tipo 1, o sistema imunológico do organismo destrói as ilhotas pancreáticas, impedindo que o organismo produza corretamente a insulina, hormônio que controla a absorção de açúcar no organismo.
Sinais que podem indicar que você tem diabetes
- Sensação de cansaço e irritabilidade.
- Visão turva
- Sede excessiva.
- Fome frequente.
- Boca seca.
- Doença periodontal.
- Feridas que demoram para cicatrizar.
- Formigamento nos pés e mãos.
- Perda de peso.
- Coceira ao redor do pênis ou vagina, ou episódios recorrentes de candidíase.
- Vontade excessiva de urinar.
- Coceira na pele.
- Manchas escuras na pele.
- Infecções frequentes.
Como é a técnica usada pelos médicos?
Embora o transplante sempre tenha sido pensado como alternativa para o tratamento, ele não conseguia driblar as defesas do corpo que atacavam os aglomerados de células pancreáticas, chamadas ilhotas. Normalmente, a baixa oxigenação e o ataque imunológico comprometem mais de 70% das células nas primeiras horas.
Os médicos chineses remodelaram um baço incluindo nanopartículas das ilhotas, permitindo que as células funcionassem sem a necessidade de fazer uma imunossupressão total, ou seja, sem usar remédios que impedem o sistema imunológico de funcionar.
A pesquisa publicada indica que o baço pode ser reprogramado para funcionar como um reator biológico de ilhotas pancreáticas, criando um ambiente vascularizado e imunologicamente tolerante às células transplantadas.
Controle da diabetes restabelecido
Em roedores, o controle glicêmico foi restaurado por até 90 dias. Nos macacos, o procedimento envolveu a introdução de ilhotas humanas e os enxertos mantiveram a função das ilhotas por pelo menos 28 dias, com produção ativa de insulina e sem rejeição evidente. A remoção do baço reverteu o efeito, confirmando a origem do controle glicêmico.
Além do baço, outros locais alternativos, como o músculo e o globo ocular, também foram testados, porém com resultados limitados. A estrutura porosa do órgão, sua rica vascularização e a conexão direta com a circulação hepática oferecem vantagens anatômicas e fisiológicas para abrigar enxertos celulares.
Rumo a terapias personalizadas com células-tronco
Com base nesses resultados, os cientistas planejam testar o uso do baço como plataforma para cultivar órgãos personalizados a partir de células-tronco pluripotentes induzidas. A ideia é que cada paciente possa desenvolver tecidos próprios, reduzindo a necessidade de doadores.
“Estamos essencialmente convertendo o baço em um biorreator de alto desempenho”, afirmou o biomédico Lei Dong, líder do projeto, em comunicado à imprensa. A equipe acredita que, no futuro, será possível realizar esse processo de maneira minimamente invasiva, com apoio de imagem por ultrassom.
Reação imunológica reduzida
A remodelação do baço alterou profundamente o microambiente imunológico dos animais para evitar o ataque às células transplantadas. Em camundongos, houve limitada ativação de respostas inflamatórias mesmo diante de enxertos massivos.
Nos primatas, a administração local de imunossupressores foi suficiente para manter a viabilidade dos enxertos. A combinação entre reprogramação tecidual e imunomodulação seletiva abre caminho para terapias com menor toxicidade sistêmica.
“Os testes foram muito bem planejados para mostrar a viabilidade da abordagem. O estudo comprova a necessidade de realizar mais testes de segurança e eficácia do baço remodelado como local de transplante de ilhotas para a melhora da diabetes”, resume a médica Catherine Charneski, editora da Science, na apresentação do artigo.
Ainda serão necessários estudos de longo prazo e ensaios clínicos em humanos. Porém, os dados atuais apontam o baço como um local promissor para o cultivo de tecidos terapêuticos e reforçam seu papel no avanço da medicina regenerativa.
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https://jornalismodigitaldf.com.br/transplante-de-ilhotas-controla-diabetes-tipo-1-em-animais-diz-estudo/?fsp_sid=151576